Por que Lírios?

Bem, não sou escritor e não acredito que escreva bem, mas algumas vezes as palavras me vem, eu gosto, deixo fluir... E naturalmente, como água, elas inundam as paginas, as vezes com flores, as vezes com fogo. Ao meu ver sempre com delírios.

Me pediram para compartilhar meus delírios. Pois bem, ai vai aos interessados.

Já adianto a todos os que pretendem se aventurar junto as minhas letras, oque estiver escrito, foi, sem duvida, escrito por algum motivo mas não necessariamente para alguém, não necessariamente por alguém, pois como eu disse, apenas flui. Então, não pense que foi escrito para você, não pense que a culpa foi sua, leia, apenas leia, da mesma forma que se admira flores, observe, goste ou não, mas não se pergunte por que ela esta ali, porque possui estas cores e não outras, não pergunte quem as plantou ou quem as colherá.
Outra observação, os textos que irei postar não possuem nenhuma cronologia... então... não pense também que é um quebra-cabeças, pois, se fosse, estaria faltando diversas peças.

Então, a terra já esta arada, é hora dos lírios.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Terceira lei de Newton

Quantas graças em lagrimas ainda tenho que suportar?
Quantas lagrimas ainda tem de rolar para que eu seque?

Sou feito de água, muitas coisas diluem-se em mim. Aqui eis o poeta, lírico e gentil. Aqui eis o terrorista, cruel e mordaz. Aqui eis o amante, doce e carismático. Aqui eis o amado, obediente e prestativo. Aqui eis o líder, capaz e forte. Aqui eis o concelheiro. O jardineiro. O lixeiro. O caçador. O canibal. O anjo... Todos diluídos em água salgada, esta que sou feito e que vive me escorrendo pelos olhos.

Eu sou um conjunto de tudo feito de nada. Sou um espelho gentil, mostro oque querem ver, arrumo pequenas falhas aparentes e mostro sorrisos a quem os queira e lagrimas a quem as compreenda. Sou oque querem de mim. Sou apenas reação. Sou oque você conquistar, não queira mais.

Desisti de tentar ser por mim, não consigo. Espelho não tem sua própria imagem, apenas reflete oque lhe é mostrado. Espelho não cresce, quebra. Espelho não olha, é sempre observado. Espelho não cria, mostra. Espelho não age, reage. Espelho não foge, por mais horrenda que seja a imagem a ele mostrado, este cumpre seu dever, reflete.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Animal de estimação

Dentre sorrisos e gracejos, eu sinto, eu choro, eu me escondo e me visto.

Meus trajes de seda esvoaçante em cores espalhafatosas, meus trejeitos afetados e excessivamente corteses. Sou um homem de riso fácil, de boa fala e fácil entendimento. Um perfeito cão lambedor de feridas. Sou oque precisarem que eu seja. Sou oque convir. Mas não sou oque eu quero ser, não sou oque sou.

Este ninguém quer. Envergando cores frias e corte simples, um simples ser pensante. Não fala sem ser convidado. Não sorri de qualquer idiotice. Outro cão, ao ver da maioria, um cão raivoso, perigoso e hostil. Inconveniente. Indesejado. Natural. Mas nunca o entendem, este não é raivoso, nem hostil e passa longe de representar perigo para alguém. Este é puro sentimento, este pensa, repensa e trepensa oque diz e oque dizem. Este ama a todos. Este admira a tudo. Este é um servo do ato de observar e um amante do pensar. Este chora abertamente, não tem medo. É o cão fiel, quase insano, é chutado mas fica a espreita ainda guardando seu dono, ainda aguardando um afago de seu mestre...

Este é o cão que eu guardo, que eu aguardo alguém para trata-lo.

sábado, 15 de setembro de 2012

Untitled #5

Curvas que eu desejo

Curvas em meu caminho

Curvas em minhas mãos

Curvas pensantes

Curvas sutis

Curvas andantes

Curvas que me acompanham

Curvas que não sei conquistar

Curvas que não sei para onde vão

Curvas que não alcanço...

Suas curvas, minhas curvas

Estradas

Por que andar em linha reta se são as curvas que me atraem?

O que tenho em frente eu vejo, sei que se apenas continuar chegarei, terei e serei.
Mas a curva me atrai, o simples fato de não saber oque há me inclina a dobrar o meu caminho.

Pode bem ser que o tesouro que busco e não vejo em meu caminho esteja la...
Pode bem ser que o futuro que sonho esteja la...
É irresistível, dobro.

E depois de toda a tensão e exitação do virar, me vejo novamente em linha reta, monótona, simples e formal. Ah, como me cansa este caminho, como me canso de saber oque me aguarda, como me canso de saber oque fazer e pra onde ir... As vezes, tudo oque eu queria era sair por ai, sem ter pra onde ir, ceder a qualquer esquina que me atraísse, parar em qualquer lugar para admirar a paisagem e os passantes e depois retomar a minha busca do nada, meu caminho a lugar algum que passa em todos os lugares.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Reticencias

Triste fim é aquele que acaba com reticencias, com coisas ainda por dizer palavras implícitas em letras cantadas por outras vozes.
Reticencias, sem fim, sem pausa, sem chance de recomeçar.
Reticencias são feitas para bons entendedores, para bons pensadores, pois podem tanto ser um sorriso secreto a ser desvendado quanto um lagrima pesada de mais para ser explicada.

Dores não compartilhadas...

Sentimentos escondidos...

Desejos secretos...

Ah... Quanto poder existe em um simples conjunto de toques no papel...
Um. Dois. Três. E esta feito. Escondido, guardado, ocultado e devidamente não dito.

Sorrisos maliciosos...

Piadas internas...

Sabor de saudade...

Todo um mundo de criatividade, liberdade de escolha e discernimentos e abre quando esta se mostra.
Um ponto é final. Dois é inicio. Três... É escolha.
Um para você. Dois para mim. Três para o mundo.

Que venham...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Carpe diem quam minimum credula postero


Como explicar a multiplicidade do amor? Como explicar q gosto, simplesmente, de fazer o bem sem olhar a quem, mas que não esqueço que também sou alguém?

As vezes o simples ato do cortejo já me satisfaz, a troca de experiencias, a quebra sutil das barreiras dos 'bons costumes' (que de nada mais servem a não ser nos prender dentro de regras que não gostamos ou não entendemos). Quantos sabores e cores podemos experimentar e admirar quando nos deixamos levar, quando nos libertamos do "Mas o que eles vão pensar?" Quer saber? Quem vai pensar? Eles. Quem vai saber e curtir(ou não)? Você! Então por que se importar? Por que se manter dentro desta armadura de cortesias vazias e de sorrisos falsos? Já chega!

É tempo de aproveitar oque temos, é tempo de tentar ter mais, é tempo de mudança, é tempo de melhora. Aproprie-se de si, tome ciência do que é e seja sem medo, o único que pode lhe punir ou mudar é você!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hier kommt die Sonne


"Hoje a noite não tem luar,
E eu estou sem ela."

Pois então aprenda a contemplar as estralas. São tantas, tão brilhantes, tão distantes, tão intensas. Admire-as, conte-as e sinta-as.

"Mas é claro que o sol
Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei"

Ele sempre volta. A Lua tem quatro fases, quatro tempos, quatro momentos. A Lua é inconstante e reflexiva. A Lua mostra-se, quando bem intende, cheia, crescente ou minguante. Mas o Sol não, ele sempre volta. Mesmo quando não esta visível, sua luz nos permite a visão, seu calor nos da energia.

A noite é escura quando a lua se ausenta, e então, sozinhos e com frio aguardamos o sol...

"Tudo espera pela luz
tenham medo, não tenham medo
O Sol brilha nos meus olhos"

Apenas aguarde. Pacientemente. Seja forte. A luz volta, o calor volta.

"Quando o sol bater
Na janela do teu quarto,
Lembra e vê
Que o caminho é um só"

Sim, apenas um, para frente.

Atrás apenas há trevas, momentos noturnos dos quais devemos abandonar para não ficarmos frios junto deles, estagnados onde já passamos. Bons ou maus, são caminhos percorridos, vitórias conquistadas, escolhas feitas, erros cometidos, horarias atribuídas, feridas abertas, cicatrizes marcadas e amores vividos e perdidos.

A esquerda estão os familiares, em movimento, próximos o suficiente para lhe apoiar. E distantes o suficiente para lhe deixar livre para escolhas espontâneas e próprias.

A direita estão seus amigos, só os verdadeiros, os que você deve apoiar, apoiar-se, cuidar, contar, correr junto, avançar junto, comprar briga e acalmar, bater e apanhar. São estes, os da direita que te levarão a luz, e que precisarão de você la, com eles.

Não fique atras, não se torne uma sombra para levar lagrimas quando passar na memoria de alguém. Seja luz! Esteja adiante ou ao lado dos que ama. Provoque sorrisos e lembranças iluminadas quando visitar a memoria destes. Seja seu próprio sol. Seja seu próprio líder. Mas conte sempre com o sol que há no olhar e a luz que há no sorriso dos seus amores.

Se chover, dance. Se acabar a luz, conte histórias. Se trovejar, grite e ria de si. Se acabar, inicie novamente. Se cair, sorria e levante.

Ame como se não houvesse amanha, mas lembre-se sempre que há, que haverá sol e que haverá mais amores para viver, novos ou antigos, maiores.

 Não importa oque aconteça, faça luz por onde estiver e passar. E assim, quando se tornar lembrança, não se tornará lagrima.

Hier kommt die Sonne, Komm mit mir?

Dualidade Onda-Partícula

Primeiro eu canto, depois eu explico.

Hora me vejo brando, adaptável, sutil e ondulante e fico a pensar, como seria se eu tivesse feito ou deixado de fazer isto ou aquilo, choro lagrimas de tristeza, de arrependimento, de dor e de alegria, sinto amor, paixão, carinho e cuidado. Me sinto querido, necessário, útil e fértil.

Outrora me vejo intenso, rígido, direto e linear e fico a pensar em tudo que fiz e deixei de fazer e nos lucros e horarias que não me foram atribuídos, choro lagrimas de rancor, de fúria e de magoas, sinto desprezo, apatia e asco. Me sinto usado, corroído e cansado.

E assim eu sigo, hora amante e hora tratante, hora herói e hora vilão, hora caça e hora caçador. Sou minha própria presa, meu próprio carrasco, meu próprio algoz. Sou o único mal real que há para mim. Sou o único que possui maestria em me ferir. Sou meu vilão e não consigo despertar o mártir que há em mim para derrotar-me.

É tão tênue a linha que separa os sentimentos que acabam sempre por se misturar e tornarem-se um turbilhão púrpura. A dor precede o alívio e retorna quando ele cessa. O amor se apresenta lado a lado ao sofrimento, a alegria e ao pranto. O ódio e a inveja se mostram junto da admiração.

E assim segue este monstro que sou obrigado a chamar de Eu, andando em círculos, sendo usado e usando, me equilibrando entre crepúsculos e amanheceres, dias e noites, horas e horas. Apenas suportando o tempo e aguardando o meu direito de descaçar, se é que o tenho.


*Na física, este termo é utilizado para explicar o comportamento do fóton, "partículas" que compõem a luz, que hora se comporta como onda, se propagando e ocupando diversos pontos no espaço simultaneamente e diminuindo a intensidade conforme o afastar da fonte, e hora como partícula, sempre em propagação intensa e linear.*